Há 50 anos a Região do Cerrado Mineiro vem conquistando seu espaço e segue se destacando, cada vez mais, pelo Brasil e pelo mundo quando o assunto é café. O território é a primeira região brasileira a receber a Denominação de Origem no meio dos cafés especiais.
A região é demarcada por 55 municípios do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas. Entre eles, se destacam Patrocínio, Monte Carmelo, Araguari, Patos de Minas, Campos Altos, Unaí, Serra do Salitre, São Gotardo, Araxá e Carmo do Paranaíba. Grande parte da economia dessas cidades gira em torno da cafeicultura.
As estações climáticas bem definidas e a atitude dos cafeicultores que formaram a região, transformaram o território em uma referência na produção de cafés de qualidade, conquistando apreciadores e compradores nacionais e internacionais.
Diversas são as variedades que são produzidas, como por exemplo, Bourbon, Topázio, Icatu, Paraíso, Caturra, dentre outras. Mas a região se destaca, sobretudo, na produção das variedades Mundo Novo e Catuaí.
Pioneira em qualidade
A Região do Cerrado Mineiro é a primeira região duplamente certificada com os títulos de Indicação de Procedência e Denominação de Origem.
Enquanto o primeiro, determinado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 2005, dá visibilidade nacional para o produtor da região e agrega valor ao produto, o último entra tornando mundialmente reconhecida a qualidade do café lá produzido. Com a Denominação de Origem, o território é demarcado por produzir produtos com características únicas e um saber-fazer particular, que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar.
A diretriz é a mesma dos famosos terroirs franceses de vinhos e espumantes (por exemplo: Bordeaux e Champagne). A certificação atesta a origem dos produtos, dando ao café da Região do Cerrado Mineiro alta visibilidade e valor de mercado. A conquista foi também avaliada pelo INPI, no ano de 2013.
Cafeicultura organizada e profissionalizada
A cafeicultura na Região do Cerrado Mineiro teve início na década de 1970 e foi marcada pela chegada de cafeicultores do Paraná e de São Paulo que, após fortes geadas, procuravam uma nova fronteira para darem continuidade à atividade. Assim, os cafeicultores não só encontraram uma nova fronteira, como construíram uma nova cafeicultura.
Por meio dos desafios encontrados, dentre eles a correção do solo, os cafeicultores entenderam a necessidade de se unirem para vencerem as adversidades e então se fortalecerem enquanto região produtora de café. Assim, nasceram as primeiras associações de cafeicultores na década de 1980 e, na década seguinte, as cooperativas.
Neste contexto, também surge a Federação dos Cafeicultores do Cerrado, o órgão que agrega as cooperativas e associações da Região do Cerrado Mineiro, bem como a Fundaccer, fundação para pesquisa e desenvolvimento da cafeicultura na região que atesta a qualidade e a origem dos cafés lá produzidos — é ela quem controla os programas de certificação e sustentabilidade. Para isso, os cafés da região são submetidos à avaliação sensorial nos padrões SCA (Specialty Coffee Association) e a uma certificação de propriedade produtora de café da região, que dá ao café o Selo de Origem e Qualidade. O selo é vinculado a um sistema de rastreabilidade e a fatores como clima, solo, respeito ao meio ambiente e boas práticas agrícolas.
Entre tantos destaques, o manejo cuidadoso dos produtores também tem um papel importantíssimo, bem como a profissionalização da cafeicultura da região. O café arábica produzido neste território costuma passar por processamento natural, embora alguns cafeicultores optem pelo processo cereja descascado e outros, em número menor, optem pelo processamento despolpado. Tais processos interferem diretamente no produto final, destacando ainda mais as características dos grãos.
No ano de 2021 os cafeicultores da Região do Cerrado Mineiro se destacaram nos principais concursos de qualidade do país e do mundo, mostrando que a organização da região em prol da qualidade e de uma cafeicultura inovadora, profissionalizada e sustentável rende bons frutos, que conquistam, cada vez mais, paladares exigentes de apreciadores de café no mundo todo.