O mês de junho é marcado pela intensificação da colheita de café no Brasil. No país, a data simbólica que marca o início do processo é 24 de maio (também comemorado o Dia Nacional do Café), e é durante o mês atual que os trabalhos começam a ganhar ritmo mais acelerado nas principais áreas de cultivo do país. Para todos que estão envolvidos com a cadeia do café, esse é um dos momentos mais esperados do ano: é hora de conhecer e reconhecer os tesouros da safra corrente do café brasileiro.
Com as dimensões continentais que o Brasil possui, existem também diferentes formas de colheita acontecendo simultaneamente no parque cafeeiro. São realizados três tipos de colheita por aqui: manual, semi-mecanizada e mecanizada. Confira as diferenças de cada método a seguir:
Colheita Manual:
A colheita manual de café no Brasil envolve trabalhadores que selecionam grãos maduros diretamente das plantas, um método preferido em áreas com relevo acidentado. Existem duas principais técnicas: a seletiva, que escolhe apenas os grãos maduros, e a derriça, que colhe todos os grãos de um ramo para separação posterior. Este método exige atenção e experiência para garantir a qualidade dos grãos.
Os desafios incluem a dependência de mão-de-obra intensiva e a logística de transporte dos grãos das áreas remotas para os centros de processamento, que é complicada e cara, o que pode elevar os custos de produção e afetar a qualidade final do café.
A colheita manual impacta significativamente na qualidade da bebida final. A capacidade dos colhedores de selecionar apenas os grãos maduros contribui para um produto final mais uniforme e de alta qualidade, uma vez que grãos em diferentes estágios de maturação podem introduzir sabores indesejados. Assim, embora seja mais cara e trabalhosa, a colheita manual pode resultar em um café superior, com perfis de sabor mais complexos e consistentes, valorizados tanto no mercado nacional quanto internacional.
Colheita Semi Mecanizada:
Já a colheita semi-mecanizada combina trabalho manual e máquinas. Trabalhadores usam derriçadeiras portáteis para vibrar os ramos e fazer os grãos maduros caírem em lonas, que são então recolhidos manualmente. Este método é útil em terrenos moderadamente acidentados onde a mecanização completa não é possível.
Os desafios incluem a necessidade de trabalhadores qualificados para operar as máquinas e a manutenção regular dos equipamentos. Problemas técnicos e condições climáticas podem afetar a eficiência da colheita, e ainda há necessidade de manuseio manual dos grãos após a vibração.
Colheita Mecanizada:
A colheita mecanizada utiliza de maquinários agrícolas específicas para o café, são projetadas para vibrar as plantas e coletar os grãos automaticamente. Este método é especialmente eficaz em plantações de grande escala e terrenos planos, como o Cerrado Mineiro, aliás, a região traz um ponto interessante da história do café no Brasil: a primeira grande máquina para colheita do café foi lançada há muitos anos para atender às necessidades desta região.
Apesar da facilidade, equipamentos desse porte exigem alto custo inicial e manutenção regular. Além disso, o uso de máquinas pode causar danos às plantas e ao solo, e a colheita pode incluir grãos em diferentes estágios de maturação, o que pode afetar a uniformidade do produto final.
Apesar desses desafios, a colheita mecanizada pode aumentar a eficiência e reduzir os custos de mão-de-obra, devido a rapidez do processo. Há também a necessidade de um processamento posterior cuidadoso para separar grãos de diferentes maturações seja essencial para manter a qualidade da bebida final.
A relação entre o clima e a colheita
Além dos profissionais capacitados e diferentes técnicas de colheita, o produtor de café também depende das condições do tempo para garantir o bom desenvolvimento do processo. Dias ensolarados são bem-vindos nesta época do ano, pois favorece um processo sem muitas adversidades, além de contribuir para as etapas do pós-colheita.
A safra do Brasil tem a característica de durar entre três e quatro meses, a depender das particularidades de cada origem produtora e também das condições climáticas em cada área de produção. Nesta safra em curso, muitos produtores optaram por antecipar o início da colheita porque a maturação dos grãos respondeu mais rapidamente às condições climáticas observadas durante a abertura e pegamento da florada. O mercado opera com a expectativa de uma produção mais positiva do Brasil, que vem se recuperando gradativamente dos efeitos climáticos adversos dos últimos anos.