A Bahia, estado que desempenha importante papel no país devido sua história e suas influências culturais presentes e compartilhadas em músicas, expressões culturais e culinária, vem ganhando destaque também no cenário cafeeiro.
Tudo começou no Oeste da Bahia, nas décadas de 1970 e 1980, com alguns experimentos em pequenas áreas na região do bioma Cerrado. As localidades que receberam as mudas estavam há 700 metros no nível do mar e foram cultivadas por sequeiro. Devido às condições climáticas, o experimento não apresentou resultados grandiosos, mas foram suficientes para motivar os produtores que se arriscaram a cultivar café em terra baiana. Lançaram-se ao desafio valendo-se do uso da tecnologia e da irrigação para impulsionar a produtividade.
Na década de 1990 a produção de café no Oeste da Bahia ganhou força e hoje representa, de forma expressiva, a produção cafeeira do estado baiano, tanto em quantidade, quanto em qualidade.
Território reconhecido por uma cafeicultura profissionalizada
Com a força adquirida, os cafeicultores se organizaram e fundaram a Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia – Abacafe. Assim, conquistaram, em 2019, o título de Indicação de Procedência tendo seu território reconhecido e protegido pelos atributos particulares na condução da cafeicultura. Compõem o território demarcado os municípios de Formosa do Rio Preto, Santa Rita de Cássia, Riachão das Neves, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, São Desidério, Catolândia, Baianópolis, Correntina, Jaborandi e Cocos.
Todos os municípios estão no bioma cerrado. Os solos profundos e diversificados favorecem a produção, bem como o relevo formado por chapadas e vales, fator que contribui para uma cafeicultura mecanizada e altamente profissionalizada.
Com boa oferta de água, tanto de superfície, quanto subterrânea, a cafeicultura irrigada tornou-se propícia. Na região, o período de chuvas compreende os meses de outubro e abril e os meses secos favorecem o manejo da colheita e pós-colheita. Todos estes fatores somados ao empreendedorismo dos cafeicultores da região, com experiência em regiões cafeeiras tradicionais, implantaram a inovação e fizeram do Oeste da Bahia uma região produtora de destaque no cenário da cafeicultura.
Sabor especial e com sustentabilidade
No Oeste da Bahia os cafés são da espécie Arábica, sendo o Catuaí Vermelho a variedade mais cultivada. Pela Indicação de Procedência, os cafés devem obter nota mínima de 75 (setenta e cinco) pontos. Na xícara, tendem a apresentam corpo acentuado, leve doçura, sabor frutado, e aroma floral com boa densidade.
Contudo, quantidade e qualidade devem estar ligadas e conectadas aos fatores de sustentabilidade e segurança alimentar para os produtores desta localidade. Assim, eles incorporam em suas práticas, ações de responsabilidade social, ambiental e de produção, atendendo a requisitos que garantem a rastreabilidade.
Assim, o trabalho dos produtores no campo se integra à natureza e às pessoas locais que fazem o café do Oeste da Bahia ser um caso de sucesso no cenário cafeeiro nacional e internacional.