KCNY e câmbio
O mercado futuro de café arábica em NY ICE encerrou o mês de outubro em desvalorização; ao longo do período houve uma redução de 18,25 centavos, de 264,15 para 245,90 no vencimento Z4. Na segunda-feira o mercado trabalhou em alta, mas ao longo da semana buscou inclinação baixista, pressionado principalmente pelas boas chuvas nas regiões produtoras brasileiras. A mínima foi registrada nesta sexta-feira (01) a 241,30 e a máxima foi 255,65 centavos de dólar por libra peso no vencimento dezembro/24, que atualmente ainda é o mais líquido, porém com volume menor, dadas as rolagens Z4Xh5 que começam a se intensificar. Assim, as cotações encerram a semana em baixa, a 242,95. As cotações em Londres também apresentaram desvalorização ao longo do mês de outubro e o vencimento janeiro/25 desvalorizou 856 dólares por tonelada no período.
Evolução das cotações do vencimento dezembro/24 desde 01/01/24. Fonte: Barchart.
Os embarques de café do Brasil podem apresentar números recordes em outubro/24. De acordo com o site do Cecafé, foram emitidos certificados de origem para mais de 5 milhões de sacas até 31/10 e foram confirmados embarques de 4,4 milhões de sacas. Os números oficiais devem ser divulgados nos próximos dias, mas é possível que as exportações brasileiras de café do período superem o mesmo período de 2023, que totalizaram 4.416.224 sacas.
No âmbito cambial, as cotações do dólar estiveram entre R$5,6958 e R$5,8750, seu maior nível desde março de 2021. A semana foi marcada por grande volatilidade em meio a formação de preço da PTAX e repleta agenda de divulgação de dados aliada às expectativas com a próxima semana. As eleições americanas, que ocorrem em maior parte na próxima terça-feira (05/11), têm levantado muitas dúvidas sobre as possíveis políticas econômicas do vencedor, fortalecendo o dólar frente ao real. As expectativas quanto ao futuro das taxas de juros americanas também estão no radar, com novas reuniões marcadas para a próxima quarta e quinta-feira (6 e 7 de novembro, respectivamente). Há a espera de corte de 0,25 pontos percentuais, visto que os dados americanos apresentados nessa semana mostram uma desaceleração no mercado de trabalho.
Enquanto isso, no cenário interno, as incertezas fiscais ainda rodeiam o ânimo dos players. Antes havia sido sinalizado que, após o segundo turno das eleições municipais, medidas para a contenção de gastos seriam discutidas juntamente do presidente da república. Porém, o ministro Fernando Haddad afirmou esta semana que as novas medidas não têm prazos para serem divulgadas. A falta de informações concretas de contenção do déficit primário vem impactando na desvalorização do real.
A Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) divulgou nesta sexta-feira (01) o relatório com posicionamento de Traders no mercado, referente à semana encerrada na terça (29), onde os fundos reduziram sua posição comprada, por mais uma semana, em 667 contratos, totalizando 38.064 lotes long.
Os estoques certificados encerraram essa sexta-feira (01) totalizando 856.423 sacas de 60kgs, com 96.282 sacas pendentes de aprovação. Há um ano os estoques totalizavam 380.033 sacas, representando um aumento de 476.390 sacas no período.
Dezembro/24: Mín: 241,30 | Máx: 255,65 | Último: 242,95
BRL/USD: Mín: 5,6958 | Máx: 5,8750 | Último: 5,8719
*Dados até a finalização deste relatório
CLIMA
A frente fria que chegou no dia 25 na região Sudeste organizou chuvas em todas as regiões cafeeiras. Esta foi a terceira frente fria que passou pela região Sudeste neste mês de outubro. Os modelos de previsão climática mostram que as chuvas no mês de novembro deverão ficar acima da média histórica nas regiões cafeeiras.
A previsão do tempo para os próximos dias é da descida do ar quente continente no sentido do oceano Atlântico, organizando aglomerados de nuvens de chuvas nas regiões do Cerrado, Sul de Minas, Mogiana e Garça. Há possibilidade de chuvas isoladas típicas da época no ano na Zona da Mata.
Previsão de chuvas para a semana:
Região Sul de Minas: entre 20 e 30 mm.
Região Zona da Mata: entre 10 e 20 mm.
Região do Cerrado: entre 30 e 50 mm.
Região Alta Mogiana: entre 20 e 30 mm.
Região do Garça: entre 20 e 30 mm.
MERCADO DOMÉSTICO E FOB
O mercado interno físico está travado, com poucos negócios reportados e uma quantidade pequena de vendedores, visto que eles estão capitalizados. Compradores entram no mercado conforme necessidade e as bases permanecem distantes. No FOB, o mercado está bem diversificado, alguns vendedores estão agressivos em seus preços enquanto outros estão cautelosos, aguardando direcionamentos importantes como a definição da postergação do EUDR. Apesar de haver algumas demandas para embarque novembro e dezembro, já é pequeno o número de exportadores que conseguem ofertar para esses meses de embarque, a depender da qualidade, visto os entraves logísticos, de armazém e a chegada do final do ano. No mercado de Rio Minas, as ofertas estão bem diversificadas entre os players, gerando um gap grande entre exportadores.
No mercado interno, as pedidas dos vendedores são como abaixo:
- Bebida dura bica good cup na casa de R$1.500,00;
- Bebida dura bica fine cup na casa de R$1.580,00;
- Rio Minas bica corrida ficou cotado a R$1.240,00
- 600 defeitos foi cotado a R$1.380,00.
LOGÍSTICA
Por mais uma semana tivemos pouco impacto de falta de containers ou da liberação tardia nas programações, porém os armadores e depots ainda alegam baixos estoques de equipamentos (padrão alimento) de 20′ e 40′ HC. Também sinalizaram desafios quanto a vistorias e reparos frente a demanda extremamente agressiva, além da baixa devolução de importação, dependendo de outras fontes para dar giro aos agendamentos.
As alterações nas programações dos navios seguem também como fator perene. Os pátios dos terminais estão cheios e em quase nenhuma ocorrência de alteração de abertura de gate o recebimento antecipado tem sido aceito. Espaços nos navios com saída nas próximas 4 a 6 semanas já estão escassos.
- Segundo a Brasil Agro, um estudo do Centronave revela que apenas 47% da capacidade dos novos mega navios é suportada nos terminais brasileiros devido a limitações de calados e áreas de atracação, exigindo melhorias estruturais para acompanhar o mercado.
- De acordo com o Poder 360, tensões geopolíticas e fatores climáticos têm causado atrasos nos portos brasileiros, resultando em custos extras e perda de capacidade. No Porto de Santos, 84% das embarcações registraram atrasos em setembro, com uma mediana de 12 dias de espera.